O jogo de empurra com o preço da gasolina

Apenas este ano, a gasolina acumula alta de 31%, mas nada indica que o cenário vai melhorar no curto prazo. O dólar, por exemplo, é um componente decisivo para a formação dos preços no setor, e o real tem se desvalorizado acima de outras moedas, como consequência de uma crise política fomentada pelo próprio governo. Na semana do dia 7 de setembro, após os discursos de Jair Bolsonaro em que ameaçou o STF e disse que descumpriria decisões da Corte, a moeda americana fechou em R$ 5,26, com variação de 1,59% em relação à semana anterior, mesmo após o presidente dizer que recuou. Mesmo assim, o governo joga a responsabilidade do aumento dos combustíveis sobre os estados, que têm alíquotas altas e variáveis de ICMS, o que, de fato, também encarece o preço. Já os governadores não estão dispostos a abrir mão dessa receita, fundamental para as finanças estaduais. Ainda nesse jogo de empurra, em um evento promovido pelo Pactual, na terça-feira (14), o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, apontou para a Petrobras. Disse que o repasse de custos da para o consumidor ocorre de forma “muito mais rápida do que em grande parte dos outros países”. Já o presidente da companhia, Joaquim Silva e Luna, em evento na Câmara, trouxe outra versão: endossou o argumento do Planalto e destacou o peso dos impostos estaduais sobre o preço da gasolina. Quanto ao papel da variação do dólar e do preço internacional da commodity, Silva e Luna disse que a estatal “não tem controle de preço sobre a bomba”. No Ao Ponto desta quinta-feira (16), o repórter Bruno Rosa explica como é formado o preço da gasolina e conta detalhes de ações do governo, consideradas controversas, para diminuir os custos do setor. A diretora-executiva do Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP), Valéria Amoroso Lima, analisa o peso de cada fator sobre o valor do combustível e projeta o cenário caso o real continue sendo afetado pela instabilidade política.

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