O recuo no manifesto da Fiesp e a pressão do Planalto

A tensão entre os poderes da República, especialmente entre o Executivo e o Judiciário, tem reflexos cada vez maiores sobre toda a sociedade, com reações crescentes no setor produtivo. Nesse contexto, a Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) havia decidido publicar um manifesto pelo diálogo, na tentativa de acalmar os ânimos às vésperas das manifestações previstas para o próximo dia Sete de Setembro. Na segunda-feira (30), porém, o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, voltou atrás: mesmo sem consultar os cerca de 200 signatários da nota, optou por suspender sua divulgação. Antes da decisão de Paulo Skaf, o governo fez muita pressão sobre entidades que apoiavam o manifesto. A Federação Brasileira de Bancos (Febraban), por exemplo, decidiu endossar o documento. Em reação, a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil ameaçaram deixar a entidade pelo suposto tom crítico ao presidente. Mas o texto, intitulado "A Praça é dos Três Poderes'', não citava o presidente. Fazia um apelo para que Executivo, Legislativo e Judiciário voltassem a dialogar, com foco nos interesses do país. Ressaltava ainda a "grande preocupação com a escalada de tensões e hostilidades entre autoridades públicas" e destacava que todos os ocupantes de cargos relevantes da República "devem seguir o que a Constituição impõe". Diante do recuo de Skaf, grupos que deram apoio à iniciativa ficaram contrariados. E alguns resolveram se manifestar, por conta própria, como foi o caso de sete entidades ligadas ao agronegício, que divulgaram nota conjunta em defesa da democracia e com críticas a "aventuras radicais". No Ao Ponto desta terça-feira, o diretor da sucursal de São Paulo, Renato Andrade, e o repórter Ivan Martínez-Vargas contam os bastidores da reação de empresários após a Fiesp recuar na divulgação de apelo pelo diálogo. Eles também analisam o desgaste para a imagem dos bancos públicos, que ameaçam se retirar da Febraban.

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